segunda-feira, 19 de abril de 2010

Parte 1

“Entrei e pedi um café. Curto. Rotina diária para quem acorda cedo. Tu pediste uma torrada e um galão. Sentamo-nos perto um do outro. Olhas-me de relance. Cruzam-se olhares envergonhados e momentos de indecisão. Criam-se laços visuais. Daqueles que tudo o resto não altera. Senti-me presa. Cativaste-me com o teu estranho corar. Entre risos miúdos, revejo aquilo que já senti. Em nada semelhante a situações passadas. Transportas-me para um mundo só meu, no qual eu consigo sonhar acordada, esquecendo tudo o que me rodeia. Todas as outras coisas acabam por ser indiferentes. Esqueço todos os problemas e fixo apenas aquilo ao que nunca tinha dado a devida atenção. Quanto tempo fico? O tempo que me deixares.
Acordo e belisco-me. Tocas-me na mão e perguntas se está tudo bem. Na verdade, agora, tudo bate certo e tudo parece equilibrado. Um pequeno momento faz toda a diferença.”

Teresa*

Sábado / Domingo

Dormi 17h.
Já lá iam mais de 2 dias sem dormir. Parecia que já não controlava as minhas acções e tudo me sabia com um gosto diferente. Mais intenso e melhor.
Nem pensei muito antes de ir dormir. E dou graças a isso. Que para adormecer sem ficar emotivo é quase um milagre.
Uns phones e boa música foram o aquecimento perfeito para me meter a viajar nos sonhos. Quem me dera poder esquecer tudo e mais alguma coisa fazendo este tipo de coisa. Lembrei-me de coisas espantosas, porque fiz o que a minha avó me ensinou quando era miúdo. Ela disse-me uma vez: "Pensa em coisas bonitas." Talvez tenha sido essa frase que me meteu a dormir tão pouco desde os 14 anos. Pensava sempre naquilo que podia ter ter. (ai não. pensava no que não podia ter. que era exactamente o que eu mais desejava.)
Acordei.
"Para quê?" Para... quê? Que raio.. que bela merda."
Fiz um pão e belo leite com chocolate.
Deitei-me novamente, com o pensamento que não me iria levantar novamente. Mas faltava algo. Faltava um tiro no pulmão. Sim. Faltava isso. (E de que maneira!)
Peguei no meu telemóvel para ligar-me ao mundo e relia as sms's vezes sem conta enquanto fazia um cigarro.
Tranquei a 1ª vez e soube-me a... nada. Aliás, eu estava a fumar nada. Nada de bem.
Pensava, incondicionalmente, em quem me mandou as sms enquanto expirava o fumo.
"Lembrou-se de mim. How neat."
Sem mais nada em que pensar e fazer, lavei os dentes e a fuça. Arranquei os ténis dos pés e o hoodie e enfiei-me na cama outra vez.
Pus os phones e parti noutra viagem aos meus pesadelos.
*

RF