segunda-feira, 8 de março de 2010

Vida

As últimas 24h foram esquisitas. Muito esquisitas. Foi um saborear do verdadeiro significado de karma. Penso eu, que talvez tenha mesmo sido eu.
Pela primeira vez, não tinha argumentos válidos para ganhar, ou tentar, espetar razão em alguém. Essa pessoa tinha razão.
Vivo de noite e durmo de dia. Não faço nada de concreto na vida. A minha justificação mais razoável, que me ocorre na cabeça agora é, poder-me desculpar com os caminhos que tomei no passado. E agora, estou preso a esta merda de vida! Sem poder sequer para me levantar, qaunto mais...
Levei um sermão de 30 min(senão mais!). E embora tenha batalhado para manter a minha máscara, as idiotas das comparações que essa pessoa estava a fazer comigo com outras pessoas, enfureceram-me. A noite já não tinha sido nada bonita..
Passei a noite a jogar playstation, a fumar cigarros e ganzas, a rir e a sonhar. A inventar futuros e baboseiras. Duas cabeças pedradas pensam melhor que uma, afinal de contas.
Ainda me lembro o quanto nostálgico fiquei quando apanhei o 726 e o 21 e olhava pelas janelas. Tudo cinzento. Caiu bem o cigarro e os phones nos ouvidos enquanto transitava de autocarros. Relaxaram-me ainda mais do que já estava. Pedrado e sonolento. Mas claro, a minha vida não é um mar de rosas. Aliás, nem uma tem.
"Penso, logo existo"? É a frase mais idiota, neste momento. Mas não me ocorre mais outra coisa. Tendo em conta que não tenho sono, porque dormi o dia todo. (para variar!) Mas fez-me bem..
Estava chateado como caralho. Não tinha dinheiro para o álcool e para os cigarros. E a única outra opção que tenho para além de me foder todo, é dormir. Resnascer. Volto novamente. Independentemente de estar triste, feliz, chateado, ofendido, traído, qualquer coisa. Depois de acordar, tudo isso desaparece. Graças a Deus.
Fiquei, claramente, surdo. A minha consciência já não me fala, o que as pessoas me dizem entra e sai pelos ouvidos, os barulhos exteriores são sacudidos a toda a força pelo barulho das guitarras, da bateria e dos gritos dos phones. A minha voz interior morreu. And i'm glad. Não era melodia para mim. Sou uma pessoa anti-regras. De viver conforme os meus gostos. E a sociedade implantou-me o senso-comum.
Queria apenas que me deixassem sozinho. Se quiserem algo de mim que peçam, que eu terei todo o gosto em ajudar no que puder. Mas.. mais chatices? Não, por favor. Não preciso de conselhos, ideias, críticas construtivas, observações sobre como viver a minha vida. Parece que não posso viver por mim. Quero aproveitar a vida. Vive-la em paz e descanso. (ou só encontro isso na cova?)
Estou desejoso da ter a minha independência. Sim, porque ainda sou meio-independente. Vivo debaixo do tecto de alguém, mas sou um anarquista. Vivo como quero e posso. Não obedeço a ninguém em que o pedido não faça sentido. É preciso uma explicação fiável que derrote o que a mim me faz sentido. Tem que fazer lógica. Porque se oiço os outros, que é feito de mim? Como aconteceu á uns anos atrás.. não sabia quem era. Era cegamente obediente. E perdi-me. Agora preciso de mim. De me perceber. Saber quem sou. Re ou encontrar-me. Porque no fim, ninguém nos ajuda. Não se deve confiar em ninguém.
Toda a gente é um potencial perigo a uma intrusão do teu mundo. Têm capacidade de ir até ao fundo do teu peito para apenas cuspirem de forma elucidativa e desprezante.
Portanto aí está a minha teoria. Ataraxia misturado com uma vida a um. Será assim tão mau? Claro que não. É melhor do que como estou agora.. O mais engraçado é que me apercebi neste preciso momento que a sociedade repele a filosofia Ataraxia. As fissuras e cicatrizes não saram. As contas crescem. As mágoas mantêm-se. Devo estar a fazer algo mal..
Talvez me ligue demasiado a tudo. Incluindo pessoas. Desejos que podem ser facilmente descartáveis numa vida com apenas bens necessários para a sobrevivência e estabilidade da saúde mental. Sim, porque uma falha vira o jogo todo. E pelos vistos, já mudou.
Eu sei. Mas existe quem não saiba. Que não nasci para ter uma vida "normal." Um trabalho 9h-5h. Um clube de leitura ou algo do género. Uma mulher, filhos, casa.. Nada disso. Nasci para viajar pelo mundo fora. Apreciar belezas. Todas as possíveis. Desde dormir numa rua de Paris, a exprimentar a gastronomia de todas as cidades da Indía, ser empurrado para dentro do metro de Hong Kong ou sentir a areia e a água de todas as praias de Sydney.
Andar de comboio e comer o pequeno-almoço enquanto olho pela janela. Fumar um cigarro enquanto o vento de um lugar desconhecido me bate na cara. Sou um artista. Um sentimentalista demasiado sensível, talvez. Ou tenho bom gosto. Uma delas é, ou então as duas. Posso apreciar tudo. Leva o seu tempo para compreender como e porquê. Mas consigo. Como posso odia-la trinta segundos depois.
Era isto que me ia na cabeça nos autocarros. Um resumo. A mente caminha rápido. Luta pela perfeição. Mais ou menos, em quarenta minutos, pensei em tudo isto. Naquilo que pensei!
Talvez um dia conte os meus sonhos, segredos, medos, características da minha personalidade (aquelas que descubro aos poucos), o meu redor, as pessoas e a minha opinião, as minhas paixões, aquilo que gostaria de ter e sentir,tudo. Mas não agora, que a vida ainda agora começou e já estou a ter problemas no "arranque". Tenho que seguir a mítica frase: " Live fast, die young."

RF
08-03-10
03:20am